O NaTrilha de hoje recebe o recordista Frank Brown e sua esposa Camila Bonesi em um papo descontraído sobre a trajetória desse ícone do Parapente. Saberemos a influência da família, como evitar uma “roubada”, o que fazer quando pousar longe da civilização e como não passar aperto no ar.
Conhece algum praticante de vôo livre? Indica esse programa pra ele.
Esse episódio foi sugestão do nossa ouvinte Bruna Caetano Ceccon – Vitória – ES.
Quer completar alguma coisa? Tem sugestão de temas pra gente? Ainda ficou na dúvida ou quer simplesmente concorrer ao prêmio “Joinha”? Manda um e-mail pra gente. Vale até uma selfie. Nudes não serão aceitos (escute o programa e saiba o porquê)
Não esqueça de dizer de onde você é, sua idade e que esporte pratica (ou não)
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Participantes do programa de hoje:
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Frank Brown – Recordista mundial, 12 vezes campeão brasileiro de vôo livre.
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Camila Bonesi – Engenheira, surfista e ciclista
Comentado durante o programa:
Recorde de vôo
Imagem de uma prova de parapente:
A Cidade de Baixo Guandú/ES recebendo etapa do circuito mundial:
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Reportagem sobre o convidado:
Frank Brown bateu recorde de distância percorrida de parapente
Um dos pilotos de parapente mais importantes do país, o capixaba Frank Brown curte adrenalina desde menino. O “culpado” é o pai, Morris, um apaixonado por esportes, que morreu após passar mal durante um voo de parapente. A mais recente façanha de Frank foi bater, pela segunda vez, o recorde de distância percorrida em parapente: 514 km entre as cidades de Tacima, na Paraíba, e Monsenhor Tabosa, no Ceará.
“Comigo o esporte esteve sempre no sangue desde muito cedo. Meu pai era um esportista e gostava de estar sempre convivendo com novidades. Nascido em Natal (RN), ele veio com meu avô, que era inglês, morar em Castelo, onde conheceu minha mãe. Meu pai, Morris Brown, foi pioneiro de muitos esportes aqui no Espírito Santo. Foi ele, lá por volta de 1955, uma das primeiras pessoas a surfar na Praia de Camburi. Depois trouxe também o windsurf. Nos anos 1980, ele já havia partido para os voos de asa-delta. E eu, desde muito cedo, me inseri neste mundo dele também. E se o esporte fosse radical, era melhor ainda.Meus outros três irmãos também praticavam vôlei, tênis, triatlo, mas eu era o mais radical. Com 11 anos eu já voava, velejava, fazia mergulho. Apesar de praticar outras modalidades na escola, eu gostava mesmo daquelas que fazia sozinho, como faço até hoje com o parapente. Apesar de que na busca pelo recorde estive ao lado de três companheiros, porque aí é uma viagem mais longa e não dá para fazer só você.
No parapente, eu conquistei muita coisa boa. Venci 11 vezes o Campeonato Brasileiro, fui vice-campeão mundial e bati, por duas vezes, o recorde mundial de distância.A primeira vez que conquistamos o recorde foi em março de 2007, quando percorremos 463 quilômetros. No mesmo ano, pouco depois, meu pai viria a falecer em um acidente em Castelo. Ele estava sobrevoando a cidade e sofreu um ataque cardíaco, pousou, mas quando o socorro chegou já não dava mais tempo. Ele estava com 74 anos.
As pessoas me perguntam se eu tive desejo de parar de praticar o esporte porque meu pai morreu em um voo de parapente. Claro que não! A morte dele não foi provocada pelo esporte. Foi uma fatalidade. E outra, ele morreu justamente do jeito que gostaria de morrer. Fazendo aquilo que ele tanto amava. Eu sempre pensei dessa forma e também gostaria de morrer assim, se pudesse escolher.
Eu dei continuidade na minha vida e no esporte. Tanto que consegui, neste mês, recuperar o recorde mundial, que tinha ido para o sul-africano Nevil Hulet, que em 2007 percorreu 503 quilômetros. Junto com Rafael Saladini, Marcelo Pietro e Donizete Lemos consegui percorrer 514 quilômetros, de Tacima, na Paraíba, a Monsenhor Tabosa, no Ceará, passando por três Estados, em 11 horas de voo.
Estou na Paraíba desde o dia cinco de outubro, na tentativa de bater o recorde. E depois de batido, a gente continuou para filmagens, porque queremos fazer outro documentário. Já temos o “Ciclos”, mas queremos dar continuidade ao trabalho. E por isso a rotina tem sido acordar às 4h40 e decolar às 6h40.
A busca de um recorde no parapente não é algo muito fácil de se fazer. Tem que ter disposição física e mental. Você fica muito tempo fazendo tentativas e, a toda hora, lida com o perigo. Eu falo que somos como borboletas no meio de uma tempestade. Somos levados pelo vento. É como se uma onda gigante de vento nos engolisse.
Muita gente me pergunta se eu sinto medo. É claro que eu sinto. E muito! Não tem como não sentir. Você está lá em cima, nas alturas, e o medo faz parte. Essa adrenalina é boa demais, e é o que nos faz continuar tentando.
Nesse recorde, por exemplo, a gente se preparou muito bem para aguentar as onze horas de voo. Eu tive que educar até meu intestino para isso, porque lá em cima, a gente só consegue urinar, com uma mangueirinha improvisada. Tomamos muita água. Junto de isotônico, dá uns três litros. A comida é praticamente a base de cereais. Por isso é tão importante, para voos longos, a presença de companheiros. Isso te faz superar as dificuldades.
Hoje eu tenho 45 anos e não sei te dizer quando vou me aposentar. No final do ano tenho a segunda etapa do Campeonato Brasileiro, em que, se eu for bem, levo o troféu. Vejo que ainda tenho muito a fazer pelo esporte. No Espírito Santo organizo campeonatos. Sou casado e tenho um filho de 10 anos que mora com a mãe nos EUA. Ele já ama voar. Filho de peixe, peixinho é. Assim como eu.”
Fonte: Gazeta – Online